No Brasil a realidade da moradia é muito dura para as famílias de baixa renda. Embora exista um número de terrenos abandonados superior ao de pessoas que precisam de um lugar para morar, temos mais de 6,3 milhões de sem-teto no Brasil e 100 mil destes, somente na cidade de Belo Horizonte. No entanto, em meio a este caos, milhares de famílias foram capazes de se proteger através de força de vontade, laços e resistência, ocupando áreas abandonadas pelo governo e podendo assim sair da humilhante situação de viver na rua e recomeçar suas vidas.
O nascimento e a memória das ocupações urbanas carrega uma história intimamente vinculada a das estruturas de poder, de formação e desenvolvimento do país. Cada agrupamento humano, aprende a se expressar de forma sensível e a organizar os códigos coletivos de identificação que definem sua cultura local, de acordo com as possibilidades apresentadas pela realidade que o cerca e pelo potencial de abstração que se constrói sobre essa mesma realidade.
As fotografias da série “Admirável Mundo Novo”, surgiram de minha vivência com moradores das ocupações urbanas Eliana Silva, Camilo Torres, Vila Joana Darc e Favela do Papagaio na cidade de Belo Horizonte. Munido de uma câmera analógica de grande formato com chapas de filme de 4×5 polegadas, retrato de maneira poética as alternativas encontradas por moradores para se adequarem à realidade social local, instigando o pensamento sobre os diversos aspectos das territorialidade das metrópoles brasileiras, abrindo assim um diálogo sobre as origens e necessidades de reflexão deste paradigma social.
Se você pudesse resumir seu ensaio em um som qual seria?
Som de um abraço
Título do ensaio: Admirável Mundo Novo
O que é fotografia para você?