por Dariane Martiól
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“Autorretrato infamiliar” é uma série fotográfica que teve início quando retornei à casa da minha mãe, no ano de 2020. Sou filha única de Adair Martiól de Souza, que tem 69 anos, mora em uma cidade interiorana do Paraná e é mãe solo. Para além da questão artística, o trabalho foi também uma forma de ressignificar nosso relacionamento.
A série se divide em subtemas e transita entre o literal e a metáfora, propondo cenas a partir de situações fantásticas em que frequentemente um gesto de carinho é acompanhado por uma ação violenta. As fotografias apresentam os nossos corpos, geralmente nus, dentro do espaço doméstico. Com essas imagens, busco falar dos sentimentos ambivalentes que permeiam as relações familiares e se tornaram tabus diante de ideais impostos sobre a maternidade, o amor incondicional e a responsabilidade parental.
O título “Autorretrato infamiliar” é uma referência ao conceito psicanalítico Das Unheimliche, que diz respeito a algo que não é propriamente desconhecido, mas se apresenta de uma maneira atípica, causando certo desconforto ou inquietação.
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