por Nádia Borbarema

Este projeto começou em 2016, numa das minhas idas ao município de Tartarugalzinho, cidade pequena do interior do Amapá e ponto de partida para a Fazenda Aquarius.

No portinho da cidade, pegamos uma rabeta, que é uma canoa com um motor de 15 HP e, dependendo da época do ano, levamos mais ou menos tempo para chegar. Quando as águas estão grandes, o tempo de viagem é menor, mas quando seca, a dificuldade é maior, e a viagem pode durar em torno de 8 horas, atravessando rios e igarapés, lagos que mais parecem mar. Há determinados trechos onde se usa o “varejão”, que é uma vara comprida para empurrar a rabeta quando passamos no meio de uma vegetação densa e o motor não pode ser ligado senão a hélice enrosca na vegetação. Outros trechos, às vezes, secam muito e surgem somente como uma lâmina d’água, quando a única saída é sermos “puxados” pelo “boi-cavalo”, búfalo manso usado na lida diária da fazenda. 

Depois de tudo isso, desfrutando dessa natureza exuberante, finalmente chegamos ao nosso destino, local onde eu, até então, não imaginava que existisse. Lá não há luz elétrica, somente um gerador que é ligado esporadicamente, sem internet, mas com uma paz indescritível, onde o silêncio é ensurdecedor, às vezes quebrado pelo som dos bichos que vivem nas matas do entorno, sons indescritíveis e, quando anoitece, vemos o céu cravejado de estrelas.

Através dessas fotos, procuro documentar a maneira de viver, os costumes, o trabalho e a rotina das pessoas que ali vivem.

Ainda é um projeto inacabado. Quando vou acabar? Não sei, talvez só quando eu morrer. Talvez…